O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prepara uma nova rodada de retaliações contra o Brasil, mirando diretamente o entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo fontes do governo americano, as medidas devem ser anunciadas oficialmente nos próximos dias e incluem desde sanções econômicas até a suspensão de vistos diplomáticos.
As restrições fazem parte de uma estratégia política para pressionar o sistema de Justiça brasileiro a arquivar os processos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado e outros crimes ligados à eleição de 2022. A manobra, no entanto, já gera forte reação dentro dos próprios Estados Unidos.
De acordo com apuração internacional, o plano prevê aplicar a chamada Lei Magnitsky, usada para punir violações graves aos direitos humanos e corrupção. Ministros do STF e integrantes do alto escalão do Palácio do Planalto poderão ter bens congelados nos EUA e suas movimentações bancárias e comerciais com empresas americanas bloqueadas. Lula e a primeira-dama Janja, contudo, não estão entre os alvos diretos das sanções.
Além das sanções individuais, o governo Trump cogita o descredenciamento da embaixadora brasileira em Washington, Maria Luiza Viotti Ribeiro — o que na prática seria a expulsão da representante diplomática brasileira nos EUA. Caso se concretize, o gesto configuraria um dos episódios mais duros nas relações bilaterais desde a redemocratização brasileira.
Pressão política em nome de Bolsonaro
A justificativa para as medidas vem sendo apresentada com uma roupagem econômica: a ameaça de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, em meio a uma investigação formal sobre práticas comerciais. No entanto, 11 senadores democratas norte-americanos assinaram uma carta conjunta acusando o presidente Trump de abuso de poder e uso indevido da política externa para favorecer pessoalmente Jair Bolsonaro.
O documento, liderado por nomes como Tim Kaine, Adam Schiff e Richard Durbin, afirma que “usar todo o peso da economia americana para interferir em procedimentos judiciais estrangeiros em nome de um amigo é um grave abuso de poder” e alerta que a ofensiva de Trump pode desencadear uma guerra comercial com o Brasil, elevando custos para famílias americanas e ameaçando milhares de empregos.
Segundo os senadores, os EUA tiveram superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em 2024 e importam anualmente mais de US$ 40 bilhões em produtos brasileiros, o que inclui quase US$ 2 bilhões em café. O comércio entre os dois países sustenta cerca de 130 mil empregos americanos, agora em risco.
China observa de camarote
Outro ponto levantado pelos parlamentares é o impacto geopolítico da medida. O endurecimento contra o Brasil, segundo o grupo, pode abrir ainda mais espaço para a República Popular da China, que já investe pesado na infraestrutura brasileira e se apresenta como alternativa à influência americana na América Latina.
“Uma guerra comercial com o Brasil contribuirá para aproximar o país da China, justamente quando os EUA deveriam buscar o contrário”, diz um trecho da carta.
Crise em escalada
A estratégia de Trump representa uma tentativa mais ampla de impor alinhamento ideológico nas Américas, com previsão de estender ações semelhantes a países como México e Colômbia. No Brasil, o impacto já é sentido nos bastidores de Brasília, onde auxiliares do Planalto e do STF acompanham com atenção os desdobramentos.
O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre o plano de sanções, mas fontes do Itamaraty indicam que a diplomacia está em alerta máximo diante da iminência de uma crise institucional entre os dois países.
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