Os termômetros em São José dos Campos despencam, o sol demora a aparecer e a cama ganha força gravitacional extra. A cena se repete todo inverno: a dúvida entre treinar ou hibernar. Mas o que o corpo sente quando insiste em manter a rotina de exercícios em dias frios?
Com a onda de frio que atinge diversas regiões do Brasil, muita gente se pergunta se é seguro treinar em baixas temperaturas? A resposta, segundo Juliana Romantini, treinadora corpo & mente, habilitada em Medicina do Estilo de Vida por Harvard e criadora do método Prática Integral, é sim! Mas desde que a atividade seja feita com consciência e respeito ao corpo.
“O frio é um dos estímulos naturais mais poderosos que temos à disposição. Quando bem utilizado, ele ativa mecanismos internos de adaptação que aceleram o metabolismo, fortalecem a mente e regulam o organismo como um todo”, explica Romantini.
O primeiro ponto é fisiológico. Em temperaturas baixas, o organismo precisa trabalhar mais para manter a temperatura corporal em equilíbrio. Esse esforço extra faz com que o corpo queime mais energia mesmo em atividades de intensidade moderada. Ou seja: treinar no frio pode potencializar o gasto calórico, o que é uma boa notícia para quem está em busca de perda de peso ou definição muscular. Mas esse efeito só aparece com regularidade. Não se trata de mágica, mas de constância.
De acordo com ela, a exposição controlada ao frio desencadeia muitos benefícios: melhora da imunidade, regulação do humor, maior foco e até redução de inflamações crônicas.
“O frio é um mestre que nos ensina a sair da zona de conforto. Ele não exige pressa, mas sim presença. E essa é a essência da Prática Integral, metodologia por meio da qual trabalhamos muito essa escuta do corpo. Um treino ao ar livre em um dia frio, com mobilidade e foco no presente, pode ser extremamente restaurador: ensina a mente a não fugir do desconforto, e o corpo a encontrar força a partir disso”, explica.
Apesar dos benefícios, ela reforça ser essencial respeitar os próprios limites. O ideal é que a exposição a baixas temperaturas seja leve e progressiva: caminhadas ao ar livre com aquecimento prévio, treinos funcionais em ambientes frescos com roupas adequadas e respiração consciente são boas opções.
O frio também impacta o humor. Parece contraditório, mas o esforço de sair de casa num dia gelado pode gerar uma recompensa emocional ainda maior. Exercícios liberam neurotransmissores ligados ao bem-estar e à disposição, e no inverno, esse efeito parece mais perceptível. Treinar no frio melhora a disposição ao longo do dia, combate estados depressivos comuns nos meses cinzentos e ajuda a manter a mente mais alerta.
A questão não é só física. Há algo de mental e simbólico em manter-se ativo mesmo quando o clima convida ao recolhimento. Treinar no frio é um ato de escolha, de disciplina e de enfrentamento do desconforto. E, no fundo, é disso que a gente mais precisa quando a temperatura lá fora não colabora: lembrar que, mesmo nos dias gelados, seguir em frente é sempre a decisão mais quente.
Para quem deseja aproveitar os benefícios de treinar no frio com mais segurança, a especialista compartilha alguns cuidados.
Comece aos poucos – Evite impactos bruscos. Caminhadas ao ar livre, com mobilidade articular e respiração nasal antes do treino, são ideais para preparar o corpo.
Ouça o corpo – Use roupas adequadas e em camadas, que possam ser retiradas conforme o corpo aquece. O objetivo é permitir que o organismo aprenda a regular a própria temperatura.
Ative a respiração consciente – Respirar pelo nariz durante o treino ajuda a ativar o nervo vago, trazendo foco e sensação de segurança. Essa é uma chave para equilibrar corpo e mente.
Cuide do sono e alimentação – Sono profundo e alimentação favorecem a autorregulação térmica e hormonal. Alimentos termogênicos, como gengibre, cúrcuma e chá verde, ajudam a potencializar os efeitos do treino no frio.
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