Um estudo conduzido pelas empresas NordVPN e Saily expõe a crescente comercialização de documentos de viagem e dados pessoais na dark web. A pesquisa, realizada entre os dias 10 e 20 de junho de 2025, identificou uma rede estruturada de vendas que inclui desde passaportes escaneados por US$ 10 até documentos verificados da União Europeia que podem alcançar US$ 5.000.
Além de passaportes, criminosos oferecem extratos bancários falsos, selos de visto forjados, contas de fidelidade hackeadas — algumas com milhões de milhas — e reservas de hospedagem em plataformas como o Booking.com, que chegam a ser vendidas por cerca de US$ 250.
“Os preços impressionantes observados na dark web evidenciam o quanto os dados dos viajantes se tornaram vulneráveis e extremamente valiosos”, afirma Marijus Briedis, CTO da NordVPN.
Como os dados são capturados
A maioria das informações expostas, de acordo com o relatório, é obtida por meio de métodos considerados simples, como malwares que acessam dispositivos e nuvens desprotegidas, além de vazamentos de companhias aéreas e agências de viagem. Outros riscos incluem pastas compartilhadas sem criptografia e falsos sites de check-in que imitam plataformas oficiais.
Documentos físicos também estão entre os alvos: cartões de embarque descartados nos aeroportos frequentemente são recolhidos por criminosos. A proliferação de ferramentas baseadas em inteligência artificial também preocupa, pois facilita a criação de páginas falsas e golpes de engenharia social.
“Temos relatos de viajantes vítimas de golpes com IA, desde solicitações falsas de selfies com documentos de identidade até páginas fictícias de Wi-Fi gratuito em aeroportos”, diz Vykintas Maknickas, CEO da Saily. Segundo ele, o phishing evoluiu para um nível mais difícil de detectar, tornando-se mais perigoso do que nunca.
Dark web é terreno fértil para crimes com identidade digital
O estudo ressalta que plataformas digitais frequentemente aceitam apenas uma selfie e um passaporte escaneado para autenticar o usuário, o que torna o sistema suscetível a falsificações e deepfakes. Segundo os pesquisadores, dados como nome completo, número de passaporte, telefone e contatos de emergência são suficientes para a realização de fraudes direcionadas.
“Documentos de viagem são uma mina de ouro para hackers porque oferecem acesso direto à identidade com o mínimo de barreiras”, reforça Briedis. “Essas informações permitem desde roubo de identidade até abertura de contas falsas e empréstimos fraudulentos.”
Esses dados também são usados para a construção de campanhas de phishing e engenharia social — estratégia que consiste na personalização de ataques com base em informações reais da vítima.
Prevenção e ceticismo digital
Entre as principais recomendações para se proteger, estão o uso de cofres digitais criptografados, cautela com links desconhecidos, atualização constante de dispositivos e softwares de segurança, além da utilização de VPNs em redes públicas.
“A melhor proteção contra engenharia social é o ceticismo digital. Golpistas usam táticas altamente personalizadas. Um momento de reflexão crítica pode ser o escudo mais eficaz”, afirma Maknickas.
Para Briedis, é essencial acompanhar suas contas com frequência e agir rapidamente em caso de roubo ou perda de documentos: “O reporte imediato às autoridades pode reduzir consideravelmente os danos”.
Metodologia do estudo
A pesquisa foi realizada a partir da análise de marketplaces da dark web e fóruns utilizados por hackers, com o apoio da plataforma NordStellar, especializada em monitoramento de ameaças. Os dados coletados incluíram listas de passaportes, contas de fidelidade, reservas e documentos de identidade, com foco na disponibilidade, nos preços e nos riscos associados à comercialização desses materiais.
A conclusão do relatório é clara: a proteção de dados de viagem exige atenção redobrada, especialmente em um cenário de avanços tecnológicos que facilitam fraudes e a disseminação de informações roubadas.
Foto: Divulgação/Agência Brasil
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