“Palavras não alimentam crianças famintas”. Foi com essa frase que o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou um novo alerta nesta sexta-feira (25) durante a Assembleia Global da Anistia Internacional. O foco do seu apelo: a situação humanitária catastrófica vivida hoje na Faixa de Gaza.
Reiterando a condenação aos ataques do Hamas no dia 7 de outubro, Guterres ressaltou, no entanto, que “nada pode justificar a explosão de mortes e destruição desde então”. Para ele, o que ocorre hoje é mais do que um conflito: “é uma crise moral que desafia a consciência global”. A ONU, segundo ele, continuará se manifestando em todos os fóruns possíveis, mas enfatizou que as palavras precisam ser transformadas em ações concretas.
Enquanto isso, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizaram o fim das negociações de cessar-fogo, alegando que o Hamas não demonstrou real interesse em um acordo. “O Hamas realmente não queria fazer um acordo. Acho que eles querem morrer. E isso é muito ruim. E chegou a um ponto em que será preciso terminar o trabalho”, declarou Trump a jornalistas na Casa Branca.
Netanyahu, por sua vez, afirmou que Israel agora considera “opções alternativas” para alcançar seus objetivos militares e trazer os reféns de volta. Isso inclui, segundo ele, o fim do domínio do Hamas sobre Gaza.
Fome, desnutrição e desespero
A ofensiva israelense, intensificada desde o fim das negociações, tem agravado a já dramática crise humanitária no território palestino. De acordo com o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, a população de Gaza vive sob bloqueio total, o que provocou um “estado de fome generalizada”.
O Ministério da Saúde local divulgou dados alarmantes: cerca de 900 mil crianças palestinas enfrentam fome severa, sendo que 70 mil já apresentam sinais claros de desnutrição aguda. As imagens que circulam nas agências internacionais mostram crianças esqueléticas, famílias inteiras desabrigadas e uma infraestrutura de saúde em colapso.
A crise também atinge profissionais de saúde, trabalhadores humanitários e jornalistas, todos em situação crítica para manter operações básicas em meio à destruição.
A urgência ignorada
Com a ajuda internacional bloqueada ou limitada, a ONU e diversas ONGs têm pressionado por corredores humanitários eficazes — que permitam não apenas a entrada de alimentos e medicamentos, mas também segurança mínima para quem atua na linha de frente do socorro.
Guterres encerrou seu discurso reforçando que o silêncio e a inação diante dessa tragédia não são mais admissíveis. “É hora de a comunidade internacional agir, não apenas se pronunciar. O tempo está se esgotando para milhares de vidas inocentes em Gaza”, alertou.
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