Economia

Natal 2025: brasileiros gastam mais em presentes enquanto ceia acumula alta de quase 50% em cinco anos

Pesquisa da Ipsos mostra intenção de gasto mínimo de R$ 300 por pessoa, enquanto estudo da Rico revela que alimentos tradicionais seguem pressionando o orçamento das famílias

Natal de 2025 confirma o paradoxo do consumo: brasileiros gastam mais em presentes enquanto ceia acumula alta de quase 50% em cinco anos

O Natal de 2025 chega ao Brasil marcado por um paradoxo econômico cada vez mais evidente no dia a dia das famílias: a disposição para gastar permanece alta, especialmente com presentes, ao mesmo tempo em que o custo da celebração continua pressionado por uma inflação acumulada significativa, sobretudo nos alimentos e serviços típicos do fim de ano.

De um lado, uma pesquisa da Ipsos aponta que 6 em cada 10 brasileiros planejam gastar pelo menos R$ 300 por pessoa em presentes. De outro, um levantamento da Rico mostra que a ceia de Natal acumula alta de 49,57% nos últimos cinco anos, com itens tradicionais como bacalhau e vinho liderando os aumentos recentes. Juntos, os dados ajudam a explicar por que o Natal segue sendo celebrado, mas cada vez mais calculado. Entre agora no canal oficial do Diário no Whatsapp e receba notícias em tempo real.

Consumo resiste, mesmo com orçamento apertado

Segundo a pesquisa qualitativa da Ipsos, realizada entre os dias 3 e 8 de dezembro com 278 entrevistados das classes A, B e C, o Natal segue sendo, para 90% dos brasileiros, uma data essencialmente familiar. A escolha dos presentes também reflete esse vínculo: 77% priorizam companheiros, cônjuges e namorados.

A pesquisa revela ainda que 95% dos brasileiros compram presentes de Natal todos os anos, e que o consumo passou a ser claramente híbrido. Embora 70% pesquisem preços em lojas físicas, 79% finalizam as compras online, com 50% aproveitando a Black Friday como estratégia para antecipar gastos.

Os produtos mais buscados reforçam um padrão de consumo funcional: vestuário (72%), cuidados pessoais (67%), perfumes (65%), brinquedos e jogos (63%) e moda e acessórios (59%). Entre os fatores decisivos para a compra, a Ipsos aponta utilidade (89%), satisfação pessoal (87%), frete grátis (82%), facilidade de pagamento (80%) e preço (77%). O status social aparece com peso bem menor, citado por apenas 21% dos entrevistados.

Ceia mais cara pressiona escolhas

Enquanto os presentes seguem como prioridade emocional, a mesa de Natal tem exigido ajustes cada vez mais pragmáticos. De acordo com estudo da Rico, a cesta de itens típicos da ceia subiu 49,57% entre 2020 e 2025, bem acima do IPCA acumulado no mesmo período, de 38,7%.

Itens como frutas (93,08%), leite condensado (55,54%), queijos (56,37%) e bacalhau (48,20%) foram os principais responsáveis pela alta no longo prazo. Já na comparação dos últimos 12 meses, o peso voltou a recair sobre produtos importados: bacalhau teve alta de 17,6%, e vinhos subiram 16,36%, enquanto as frutas registraram leve recuo.

“A desinflação de 2025 não elimina a pressão sobre o orçamento das famílias. No fim do ano, categorias sensíveis à demanda e ao câmbio aceleram novamente, fazendo com que o consumidor sinta que tudo continua mais caro”, afirma Maria Giulia Figueiredo, analista de research da Rico.

Segundo a analista, mesmo com a valorização do real ao longo de 2025, o câmbio ainda pesa sobre itens sazonais, especialmente aqueles tradicionalmente associados ao Natal. Siga o @diariodesaojose.com.br no Instagram.

Quando gastar virou planejamento

A combinação entre intenção de consumo e inflação acumulada ajuda a explicar uma mudança silenciosa no comportamento das famílias. O Natal segue acontecendo, mas com escolhas cada vez mais racionais. O levantamento da Rico mostra que, além da ceia, presentes, deslocamentos e serviços também pesam no orçamento.

Nos últimos cinco anos, flores naturais acumularam alta de 60,6%, enquanto o transporte por aplicativo subiu 98,45%, com uma impressionante alta de 65,57% apenas nos últimos 12 meses. Isso afeta diretamente quem precisa se deslocar para confraternizações ou viagens familiares.

“Mesmo com a desaceleração da inflação, serviços seguem muito pressionados, seja por demanda elevada ou custos operacionais. Para quem viaja para encontrar a família, isso aparece imediatamente no bolso”, explica Maria Giulia.

Entre o afeto e o limite do cartão

Diante desse cenário, o Natal de 2025 consolida uma realidade já perceptível nos últimos anos: celebrar deixou de ser apenas uma decisão emocional e passou a exigir planejamento financeiro explícito. Para a educadora financeira da Rico, Thaisa Durso, o desafio é evitar que o espírito de fim de ano comprometa o início de 2026.

“O uso do 13º salário tem se deslocado cada vez mais para o consumo, enquanto a prioridade na quitação de dívidas diminuiu”, afirma. Segundo ela, parcelar sem juros pode ajudar a diluir gastos, mas cria uma falsa sensação de economia. “Muitas pessoas sentem que estão pagando menos do que o valor real do produto, o que aumenta a chance de exageros.”

A orientação é clara: planejamento, ceias colaborativas, compras antecipadas e escolhas conscientes tornaram-se parte do próprio ritual natalino. Não para esvaziar a celebração, mas para torná-la possível.

O retrato de um Natal possível

Os dados da Ipsos e da Rico, quando analisados em conjunto, desenham o retrato de um país que não abriu mão do Natal, mas que aprendeu — muitas vezes à força — a negociar com o orçamento. O presente continua sendo símbolo de afeto. A ceia, embora mais cara, segue existindo, ainda que adaptada. E o consumo, longe de desaparecer, se reorganiza.

O Natal de 2025 não é menor. Ele é mais consciente. E talvez seja esse o sinal mais claro de maturidade econômica de uma população que, mesmo pressionada, segue celebrando.

Foto de capa: Divulgação

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