Durante o inverno, as temperaturas mais baixas afetam diretamente a saúde da população idosa, exigindo atenção especial para prevenir quedas, dores articulares e até alterações no apetite e na nutrição. Especialistas explicam os principais impactos da estação sobre os longevos e orientam como enfrentá-los.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, as internações por causas respiratórias aumentam em até 30% durante os meses de inverno, sendo os idosos os mais vulneráveis. Além disso, um levantamento da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) indica que cerca de 70% das quedas entre pessoas com mais de 60 anos ocorrem dentro de casa, muitas delas em períodos de temperaturas mais baixas. Isso porque o frio não apenas compromete a mobilidade, mas também influencia diretamente a circulação sanguínea e o equilíbrio corporal.
“As articulações tendem a ficar mais rígidas no frio, o que favorece o surgimento ou agravamento de dores, principalmente em pessoas com osteoartrite ou outras doenças articulares. Além disso, o frio reduz a sensibilidade e o tempo de reação, fatores que aumentam o risco de quedas dentro de casa”, afirma o ortopedista Dr. Sérgio Costa, cofundador do canal Longidade.
Para minimizar esses riscos, ele recomenda manter a casa bem iluminada, evitar tapetes soltos, usar calçados antiderrapantes e realizar exercícios regulares de alongamento e fortalecimento muscular, mesmo dentro de casa. “Movimentar-se é essencial para manter a estabilidade corporal e reduzir o risco de lesões”, complementa.
A sensação de frio também pode impactar os hábitos alimentares e o consumo de líquidos dos longevos. A médica nutróloga Dra. Andrea Pereira, também cofundadora do canal Longidade, alerta que, durante o inverno, muitos idosos diminuem a ingestão de água, o que pode levar à desidratação. “Mesmo sem sentir sede, é importante manter uma boa hidratação. Chás naturais e caldos nutritivos são boas opções para manter o corpo aquecido e hidratado”, recomenda.
Segundo a médica geriatra Dra. Polianna Souza, o frio pode ainda interferir na rotina do sono, no humor e na disposição dos longevos, o que influencia diretamente a qualidade de vida. A exposição reduzida ao sol durante o inverno também pode levar à deficiência de vitamina D, que é essencial para a saúde óssea, imunológica e emocional.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), cerca de 70% da população idosa brasileira apresenta níveis insuficientes da vitamina. Em idosos, essa carência está diretamente relacionada a maior fragilidade óssea, risco de fraturas e piora do humor. A recomendação é que, além da exposição solar diária, se considere suplementação sob orientação médica nos meses mais frios.
“É comum que idosos se sintam mais cansados ou desmotivados nos dias frios. A luz solar ajuda a regular o ritmo circadiano e melhora o humor, por isso é importante buscar momentos ao ar livre, mesmo que breves, durante o dia”, destaca Polianna.
Manter um ambiente aquecido, seco e seguro é fundamental, mas o cuidado não pode se limitar às quatro paredes de casa. Muitos idosos vivem sozinhos, sem rede de apoio próxima, e enfrentam o frio com pouca estrutura, tanto física quanto emocional. Em tempos de inverno rigoroso, aquecer a casa é importante, mas aquecer os vínculos também é.
Famílias, vizinhos e a comunidade podem — e devem — se mobilizar para verificar se há idosos precisando de ajuda, uma conversa, uma sopa quente ou apenas alguém que pergunte como foi o dia. O frio castiga mais quem está isolado. A solidariedade, nesse contexto, também é uma forma de cuidado com a saúde. Com pequenos cuidados, é possível atravessar o inverno com mais conforto e segurança. A atenção à saúde física e emocional do público 60+ é fundamental para garantir qualidade de vida não só na estação mais fria do ano, mas em todas as estações.
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