A São José, minha amiga de infância
Oi, São José.
Eu lembro de você em pequenos pedaços:
o cheiro do pastel da feira do Bosque,
o barulho do portão de casa se abrindo quando a mãe voltava do trabalho,
o friozinho da manhã na escola,
o calor da arquibancada gritando no Martins Pereira,
o som da missa do domingo misturado com pagode saindo de alguma janela.
Você tava lá em tudo.
E mesmo quando eu achei que tinha ido embora, eu nunca fui de verdade.
Porque tem coisa que fica na gente sem pedir licença e você é uma delas.
Eu cresci com você.
Vi o mato virar prédio, o campo virar bairro, o silêncio virar movimento.
E aprendi, aos poucos, que cidade não é só lugar.
Cidade é memória, é gente, é vínculo.
É uma história que a gente escreve vivendo.
Hoje eu volto.
Mas volto diferente.
Volto querendo conversar com você de outro jeito.
Mais maduro, mais atento, mais presente.
Volto pra dizer que eu tô pronto pra te ouvir com mais profundidade.
Pra te mostrar como você é bonita até quando não tá pronta.
Pra registrar o que te atravessa, o que te falta, o que te move.
Pra criar um lugar onde São José possa se enxergar com mais verdade, mais contexto, mais afeto.
O Diário de São José nasceu disso.
Dessa vontade de olhar pra você com olhos menos apressados.
De abrir espaço pras conversas que a gente sempre teve na calçada, na praça, no ponto de ônibus, mas que ninguém anotava.
Aqui, o tempo não é só de passar. É de reparar.
O que a cidade sente, pensa, sonha, precisa.
Porque São José não é só polo de inovação.
É casa. É corpo. É comunidade.
Essa carta é só o começo.
Mas já carrega tudo o que eu queria te dizer faz tempo.
É bom estar de volta.
E, dessa vez, eu vim pra ficar.
Com todo o carinho de quem te viu crescer
e se reconhece em você até hoje,
Dimas Vilas Boas
Editor-chefe
Diário de São José
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