A Prefeitura de São José dos Campos aplicou, somente em 2025, mais de R$ 1,5 milhão em multas à Sabesp por irregularidades no sistema de esgotamento sanitário, sobretudo por extravasamentos de esgoto, considerados críticos pela possibilidade de contaminação do solo e dos cursos d’água. As 13 autuações resultam de vistorias técnicas da Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade em parceria com a Agência Ambiental do Vale do Paraíba, além de denúncias registradas pela população por meio da Central 156 — um indicador de que os problemas não são episódicos, mas persistentes e amplamente percebidos pela cidade. Entre agora no canal oficial do Diário no Whatsapp e receba notícias em tempo real.
Reincidências revelam padrão de omissão
As falhas registradas pela fiscalização municipal dialogam com um histórico consistente de omissões operacionais da Sabesp em São José dos Campos. Documentos oficiais da Câmara Municipal mostram que, ao longo de 2024 e 2025, vereadores receberam relatos constantes de falta d’água, quedas bruscas de pressão e interrupções não programadas em diferentes regiões. Bairros densos como Jardim Morumbi, Parque Industrial, Bosque dos Eucaliptos, Residencial União, Santa Inês, Putim, Novo Horizonte e São Judas Tadeu foram citados repetidamente como áreas críticas, onde o fornecimento é instável e a resposta a rompimentos é frequentemente tardia.
Durante convocação formal aprovada por unanimidade, representantes da Sabesp atribuíram os problemas a rompimentos de rede, oscilações de energia, furtos e vandalismo. A justificativa, porém, não foi acompanhada de um cronograma consistente de obras, nem de garantias de que os episódios deixarão de ocorrer. A ausência de previsões claras reforçou a percepção de que o sistema opera no limite técnico, sem margem de segurança. Siga o @diariodesaojose.com.br no Instagram.
Meio ambiente sob pressão
As irregularidades não se limitam ao abastecimento. A Câmara Municipal registrou e exibiu imagens de lançamentos irregulares de esgoto in natura em nascentes e córregos, como no Santa Inês III, Pinheirinho dos Palmares, Ressaca e Senhorinha. Técnicos do Conselho Municipal do Meio Ambiente alertaram, em reuniões oficiais, que a rede apresenta indícios de saturação, com extravasamentos recorrentes, pontos de sobrecarga e risco elevado em períodos de calor extremo e chuvas intensas.
A mortandade de peixes no Rio Paraíba do Sul, ocorrida em 2024, também foi discutida. Laudos apontaram queda de oxigênio como causa provável, cenário que especialistas associaram a impactos cumulativos do sistema de esgoto e à fragilidade no monitoramento da qualidade hídrica.
Cobrança por respostas estruturais
A Prefeitura afirma que a fiscalização continuará intensificada e que novas autuações poderão ser emitidas caso a Sabesp não apresente soluções definitivas para os pontos críticos. A Câmara cobra relatórios periódicos, visitas técnicas e plano de recuperação ambiental em áreas degradadas, reforçando que a concessionária precisa demonstrar capacidade de resposta à demanda crescente da cidade.
A Sabesp, até o momento, não divulgou um plano público de adequação que detalhe investimentos, prazos ou intervenções emergenciais. Enquanto isso, São José segue convivendo com episódios de extravasamento de esgoto, falta d’água e instabilidade operacional — problemas que, somados, evidenciam uma rede que já não suporta o volume necessário para uma das cidades que mais crescem no Vale do Paraíba.
Foto de capa: Divulgação











