O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (31) uma nova ordem executiva que amplia significativamente as tarifas recíprocas aplicadas a produtos importados de dezenas de países. A medida faz parte da política econômica protecionista do governo republicano e entra em vigor a partir de 1º de agosto de 2025.
Segundo a Casa Branca, o objetivo da medida é combater práticas comerciais consideradas injustas e proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos. As novas alíquotas variam de 10% a 41% e atingem parceiros comerciais estratégicos. “Em resposta à contínua inação e retaliação do Canadá, o presidente Trump considerou necessário aumentar a tarifa de 25% para 35% para lidar efetivamente com a emergência existente”, justificou o governo norte-americano.
Entre os países mais atingidos estão Suíça, Mianmar, Laos e Síria, que receberam tarifas de 39%, 40%, 40% e 41%, respectivamente. A tarifa sobre os produtos canadenses, por sua vez, subiu de 25% para 35%, o que representa um dos aumentos mais expressivos entre os aliados históricos dos EUA.
Veja alguns dos novos percentuais aplicados por país:
- Canadá: 35% (antes 25%)
- Suíça: 39%
- Síria: 41%
- Laos e Mianmar: 40%
- África do Sul: 30%
- Paquistão: 19%
- Vietnã e Bangladesh: 20%
- Venezuela, Israel, Camarões, Chade, Turquia, Lesoto: 15%
Já os países não listados tiveram a tarifa padrão mantida em 10%, considerada a taxa-base para nações que não chegaram a um acordo bilateral com os EUA. A nova rodada de medidas tarifárias acontece poucos meses após Trump assinar o Executive Order 14257, que instituiu um sistema de tarifas recíprocas como resposta aos persistentes déficits comerciais norte-americanos.
A ordem executiva desta quinta intensifica a postura do presidente em um cenário global de crescente tensão comercial, particularmente diante da aproximação das eleições norte-americanas e do ambiente geopolítico marcado por disputas econômicas.
A expectativa é que a medida provoque reações em série por parte dos países afetados. Ainda não há manifestação oficial do Brasil, que não aparece na lista atualizada de tarifas elevadas. Contudo, o governo norte-americano já havia sinalizado que quaisquer países que não firmassem um acordo comercial com os EUA até 1º de agosto estariam sujeitos a tarifas mais severas.
Brasil continua entre os países mais atingidos por nova política tarifária de Trump
O Brasil se consolidou como um dos principais alvos da nova ofensiva comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Um decreto assinado na quarta-feira (30) impôs uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando para 50% a taxa total de importação, a mais alta anunciada até agora entre os países afetados pela nova política econômica americana.
A medida entra em vigor no próximo dia 6 de agosto e foi justificada pela Casa Branca como uma resposta a ações do governo brasileiro consideradas “uma ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA.
A decisão acirra ainda mais a tensão diplomática entre os dois países e coloca o Brasil no epicentro da guerra comercial promovida por Trump. Embora uma longa lista com cerca de 700 produtos — como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos, fertilizantes e combustíveis — tenha sido poupada da sobretaxa, a alíquota de 50% afeta diretamente outros segmentos da economia brasileira, especialmente os de menor valor agregado e de alta dependência do mercado americano.
Política, não comércio
O comunicado da Casa Branca não deixa dúvidas: a decisão tem forte componente político. O governo norte-americano cita perseguição política e violações de direitos humanos no Brasil como justificativa, com foco especial nas ações do ministro do STF, Alexandre de Moraes. A retaliação incluiu revogação de vistos de ministros da Corte e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
“A perseguição política, intimidação, censura e processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores representam uma grave ameaça ao Estado de Direito e aos interesses dos EUA”, diz o texto do “Tarifaço”.
Apesar dos esforços do governo brasileiro para evitar a taxação máxima, o canal de diálogo com a administração Trump parece ter se esgotado até o momento. Lula teria sinalizado disposição para conversar diretamente com o republicano, mas, até o momento, não houve abertura por parte dos americanos.
Enquanto isso, o Planalto trabalha em um plano de contingência para mitigar os impactos sobre exportadores brasileiros e tenta ampliar a lista de exceções, com a ajuda de diplomatas e representantes do setor privado.
Impactos desiguais
Estudos preliminares indicam que o tarifaço afetará regiões brasileiras de forma desigual, com destaque para estados que dependem fortemente de exportações para os EUA. O setor agropecuário, embora parcialmente protegido pelas exceções, também teme efeitos indiretos sobre cadeias produtivas e investimentos externos.
O Brasil permanece como único país latino-americano listado com a tarifa máxima de 50%, o que, apesar de colocá-lo em destaque, representa um isolamento comercial perigoso. A medida é vista como um alerta ao governo brasileiro sobre a fragilidade da relação bilateral e a urgência de reposicionar sua diplomacia econômica.
Seja pela pressão política, seja pelos efeitos econômicos, o fato é que o Brasil virou protagonista do novo capítulo da política externa “America First” de Donald Trump — e, ao menos por enquanto, isso está longe de ser uma boa notícia.
Foto de Capa: Divulgação
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