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Caso Marco Aurélio: Polícia retoma buscas 40 anos após desaparecimento no Pico dos Marins

Escoteiro sumiu em 1985 durante excursão em Piquete; investigações seguem sem respostas definitivas. Família mantém esperança e cobra respostas após quatro décadas de mistério

Quarenta anos após o desaparecimento de Marco Aurélio, Polícia retomou as buscas no Pico dos Marins. O caso é considerado um dos maiores enigmas da crônica policial

Quarenta anos após o desaparecimento do escoteiro Marco Aurélio Simon, a Polícia Civil retomou nesta semana as buscas no Pico dos Marins, em Piquete (SP). O caso, que permanece sem solução desde 1985, é considerado um dos maiores enigmas da crônica policial brasileira e volta à cena com novas diligências e uso de tecnologias de ponta para investigação em áreas remotas da serra.

Marco Aurélio tinha 15 anos quando desapareceu durante uma excursão com um grupo de escoteiros. Segundo relatos, ele se separou do grupo para buscar ajuda após um dos colegas se machucar durante a trilha. Nunca mais foi visto. A mobilização na época envolveu mais de 300 pessoas, entre bombeiros, policiais e voluntários, mas nenhum vestígio concreto foi encontrado.

A nova etapa da operação, iniciada na última quinta-feira (24), é conduzida pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo e foca em áreas ainda não escavadas, mapeadas por drones equipados com radar e sensores capazes de detectar possíveis alterações no solo. Das cinco áreas de interesse apontadas em 2023, apenas uma foi escavada até o momento. Agora, outras duas devem ser vasculhadas com o apoio de tecnologias semelhantes às utilizadas em buscas arqueológicas e de desaparecidos em zonas de conflito.

Em investigações anteriores, um fio de cabelo chegou a ser coletado em 2023, mas o material não continha DNA suficiente para identificação. Em abril deste ano, uma nova amostra de solo foi enviada para análise laboratorial, mas também não apresentou traços genéticos.

Um caso que atravessa gerações

A história de Marco Aurélio ainda gera comoção e mobiliza teorias. O caso foi arquivado oficialmente em 1990, mas reaberto diversas vezes a partir de denúncias e pistas informais, como relatos de leito de morte e informações que circularam em redes sociais e aplicativos de mensagem. Em 2021, uma dessas pistas levou a polícia a investigar a possível existência de um corpo enterrado sob uma casa na região dos Marins — hipótese que, novamente, não se confirmou.

O pai do escoteiro, o jornalista Ivo Símon, jamais deixou de buscar respostas. “Quarenta anos são 15 mil dias. Não tem um dia que eu deixo de pensar o que eu posso fazer”, afirmou em entrevista recente à TV Vanguarda. Para ele, a hipótese de morte nunca foi uma certeza: “Se não tem uma prova concreta, por que vou acreditar que ele está morto?”, questiona.

Já o irmão gêmeo, Marco Antônio, afirma com convicção que a fuga voluntária é uma hipótese totalmente descartada. “Ele não fugiu. Algo aconteceu naquele dia e precisa ser esclarecido.”

Versões e contradições

A versão oficial se baseia nos relatos do líder escoteiro Juan Bernabeu Céspedes e dos colegas que acompanhavam Marco Aurélio: Osvaldo Lobeiro, Ricardo Salvione e Ramatis Rohm. Segundo eles, o garoto teria descido sozinho em direção ao acampamento para buscar socorro, mas nunca mais retornou.

Uma bifurcação no caminho teria levado Marco Aurélio por um trajeto oposto ao grupo. Juan acreditava que os caminhos se reencontrariam adiante, o que nunca aconteceu. Ao longo das décadas, inconsistências nesses relatos, lacunas no inquérito original e omissões passaram a ser apontadas por jornalistas e pesquisadores do caso.

Um dos principais nomes ligados à investigação paralela é o jornalista Rodrigo Nunes, que reabriu a apuração por conta própria em 2005. Seus dois livros sobre o tema, reunidos em um só volume em 2015, levantam dúvidas sobre os relatos oficiais e expõem falhas na condução da investigação inicial.

Tecnologia como aliada

O uso de drones, radares e inteligência artificial tem ampliado as possibilidades de novas descobertas. A cada nova etapa, cresce a expectativa da família, da comunidade escoteira e de todos que acompanham a história desde 1985. Ainda que, legalmente, qualquer crime eventualmente cometido já esteja prescrito, o desejo por verdade e dignidade à memória de Marco Aurélio segue vivo.

As buscas continuam nos próximos dias, e a delegacia de Piquete mantém o caso aberto.

Foto: Reprodução

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